No mês de janeiro de 2025, eu viajei para Cabo Frio - Rio de Janeiro com minha família
no meu carro.
Ele é um Fiat Palio 1.0. Quando eu parei para almoçar, olhei para o estacionamento e
observei os outros carros, todos robustos e muito mais imponentes que o meu. Imaginei-me
dirigindo um deles numa viagem para a praia.
    Mas, de repente me bateu uma vergonha!
    Por quê?
    Porque viajar para a praia era exatamente o que eu estava fazendo com o meu simples 
carrinho.
    Imediatamente desfiz aquela fumaça de imaginação maligna.
    Eu não estava fazendo justiça ao meu lindo Palio, que eu chamo de "Bonitinho".
    Agradeço a Deus por ele. 
    Ele é que me proporciona o meu lazer.
    Ele é que me proporciona o meu trabalho.
    Ele é que me proporciona a liberdade de ir e de vir e que me facilita a vida.
    Aquela viagem que eu sonhava fazer anos atrás quando era criança, quando imaginava 
estar dirigindo um carro. Quando ter carro era uma "coisa de outro mundo". Havia se
tornado realidade. O sonho se concretizou. E o que eu estava fazendo? Desvalorizando o
que tinha.
    É lícito sonhar em ter coisas melhores?
    Sim, é lícito.
    Eu posso ter um carro mais robusto e mais caro no futuro?
    Sim, posso.
    Mas, não é disso que se trata.
    Trata-se de  reconhecer aquilo que se tem.
    Trata-se de reconhecer o que fiz para conseguir o que tenho.
    Trata-se de  reconhecer aquilo que se é.
    Sabe o que acontece quando não se faz isso?
    A gente nunca se satisfaz.
    Não  se sentindo satisfeito, você fica infeliz.
    A infelicidade é o caminho aberto para a amargura, para o rancor e o sofrimento.
    "Eu era feliz e não sabia", já ouviu esse ditado?
    Pois bem, depois da "vergonha" que eu senti de mim mesmo. Eu agradeço a Deus por 
tudo o que tenho. Agradeço a Deus até mesmo pelo o que não tenho.
    São Paulo recebeu essa recomendação do Senhor "a você basta a minha graça".
    A vida é uma construção.
    Nossa casa, nosso lar, nosso modo de viver, nosso relacionamento com todos. 
    Nosso edifício interior, como é?
    Gosto muito da imagem de Cristo batendo à porta.
    Deus não arromba portas, não é violento. Ele bate à porta. Não entra sem ser convidado.
    Quem abre e convida para entrar somos nós.
    No Salmo 22, "minha casa é a morada do Senhor".
    Então, se dentro de minha casa mora o Senhor, meu Deus. Eu posso viver em paz. Nada 
me falta, já tenho o necessário para mim e para minha família.
Breno José de Araújo
Ibirité, quarta-feira, de cinzas, 05 de março de 2025.
    


