Mal secreto
Raimundo Correia
Se a cólera que espuma, a dor que mora
n'alma e destrói cada ilusão que nasce,
tudo o que punge, tudo o que devora
o coração, no rosto se estampasse;
Se se pudesse, o espírito que chora,
ver através da máscara da face,
quanta gente, talvez, que inveja agora
nos causa, então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez consigo
guarda um atroz, recôndito inimigo,
como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri talvez existe,
cuja ventura única consiste
em parecer aos outros venturosa!
Quando se aprende a ler a escrever, o que se faz?
Você lê e escreve.
Recomendo a leitura a todas as pessoas.
Sou um professor e costumo dizer que a única coisa que ensino é a leitura.
Não ensino Matemática, Língua Portuguesa, Ciências...
Ensino "LEITURA", ensino a ler e a escrever.
E não somente se alfabetizar, mas aprender a ler e a compreender o que leu.
Isso é primordial.
É o trabalho do professor em particular e da escola em geral.
Eu não existo sem a leitura. Eu não existo sem meus livros.
Pode existir celular, mídias das mais diversas...Mas, nada substitui o LIVRO.
O autor do texto passa uma mensagem para o leitor ao longo do tempo.
É uma conversa com tempo e hora marcada.
A conversa começa no momento em que o leitor abre o livro e começa a ler.
E ali o que se busca terá uma resposta.
Você não estará sozinho em meio as suas angústias, sofrimento e esperança.
Terá alguém com quem conversar.
O soneto acima eu o li, gostei, há muito tempo atrás.
Esqueci-me de anotar as fontes bibliográficas (um erro),
mas não cometo plágio, cito o autor Raimundo Correa.
Este texto está anotado no meu caderno.
Tenho muitos textos anotados nos meus cadernos.
E por que estão lá?
Porque no momento em que os copiei foram significativos para mim.
Lendo o soneto acima, percebo uma grande beleza.
Acho que não o entendi no início.
Lendo de novo, acho uma força que revigora.
Uma coisa que falo com meus alunos:
Não se deve ler um texto somente uma vez.
Deve-se ler tantas vezes quantas forem necessárias para poder compreendê-lo.
E o interessante é que todas as vezes que você lê achará sempre algo novo.
É o mesmo texto, mas ele lhe passará uma mensagem diferente
dependendo do que você estiver vivendo no momento,
de sua idade, de sua experiência,
daquilo que aprendeu ou desaprendeu ao longo dos anos.
Isso se aplica primeiramente a mim mesmo.
O professor deve ser o primeiro leitor. Ele deve ser o leitor por excelência. Pois eu pergunto:
Como ensinar algo se você não pratica?
O professor não dever ser um leitor de primeira hora, de ocasião, de tempo livre.
Ele deve ser um leitor de profissão.
Como ensinar a outros algo, se não se faz?
Achei muito interessante quando aprendi a dirigir.
O instrutor se sentou no lado do passageiro e eu no do motorista.
Claro, quem ia aprender a dirigir era eu. Óbvio, não? Sem dúvida!
Só se aprende a dirigir...dirigindo.
Só se aprende a nadar...nadando.
Só se aprende a ler...lendo.
Como um médico aprende?
Como um cirurgião aprende a fazer uma cirurgia?
Será com um açougueiro?
Ou será com um professor médico, cirurgião também
que tem bastante experiência naquilo que faz?
Assim também um professor de Educação Básica.
Só poderá ensinar suas crianças a ler se ele for também um leitor experiente.
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