Alunos fazendo atividades em uma sala de aula da Escola Municipal Eva Fernandes Caldeira, Sarzedo, Minas Gerais, Brasil
Sou um professor de Educação Básica. Fiz o curso de magistério na Escola Estadual Sandoval Soares de Azevedo - Ibirité - Minas Gerais nos anos de 1995 e 1996.
Não me esqueço do dia que colei grau como professor. Acostumado a ser tratado como aluno, lembro-me do susto que levei quando se fez chamada para ser receber o canudo e ouvi em voz alta: PROFESSOR Breno José de Araújo.
Eu me assustei com aquilo, achei estranho, ser chamado de professor... receber esse título...
Mas, afinal o que tinha de estranho? Estávamos nos formando para sermos professores. Foi para isso que estudamos. Após o juramento acabávamos de receber o título.
Recebíamos também a responsabilidade que o título carrega.
Acostumados a ser alunos, daquele momento em diante transpassávamos a linha. Estávamos do outro lado. Éramos daquele momento em diante: "professores".
Não tinha me atinado para essa importância.
Acostumados a fazer as coisa por costume, por comodismo. Mas, há momentos em que as circunstâncias ao nosso redor mudam e não percebemos isso.
Foi o que aconteceu comigo.
Acostumados a receber ordens, acostumados a deixar que os outros pensem por nós. Acostumados que outros façam as coisas por nós. Acostumados a receber as coisa prontas.
Mas, de repente, as coisas mudam...
Não dá, nesse momento, dizer simplesmente:
_ "Não é comigo", "não sou eu não", "Não tenho responsabilidade nisso não", "foi o outro quem fez".
Tudo isso assusta!
Todo dia, ao entrar numa sala de aula, é necessário olhar para aquela turma em geral e para cada aluno
em particular e dizer: "Eu sou responsável por você".
Nos dias de hoje, no Brasil, fala-se muito que a profissão do professor é desvalorizada. Acho que precisa colocar um sujeito nessa oração. Desvalorizada por quem?
A educação é feita através do exemplo. O sujeito da oração sou...eu.
Eu dou VALOR ao que faço, valor é diferente de "preço'.
O educando que estiver perto de nós está sempre nos observando, quer queiramos ou não, somos o
exemplo e estamos continuamente ENSINANDO, certo ou errado.
Quando se ocupa o espaço da sala de aula, quando se compartilha um tempo da vida de diferentes
pessoas isso tem uma importância enorme.
Se é professor 24 horas da sua vida, não apenas aquele momento em que está na escola. Diversas vezes
encontro alunos fora da escola nos finais de semana, férias, em outro lugar. E o aluno: "Professor!...
Parece que ele pensa que moro na escola e não vivo fora desse espaço.